Foto: Rose Albuquerque
Inventário resgata o reconhecimento das parteiras como promotoras de saúde materno-infantil
Pensando em valorizar o ofício de partejar, bem como de conhecer a diversidade dos saberes e fazeres das parteiras tradicionais, o Instituto Nômades apresentou, no último sábado (02/07), no auditório da Livraria Cultura, no Recife, os resultados da pesquisa Saberes e Práticas das Parteiras Tradicionais de Pernambuco.
Inspirado na parteira Maria dos Prazeres de Souza (Dona Prazeres), presidente da Associação das Parteiras Tradicionais e Hospitalares de Jaboatão dos Guararapes, o inventário resgata o reconhecimento das parteiras como promotoras de saúde materno-infantil e aborda o ofício como parte importante do Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil.
Herdeira de uma família de parteiras, a enfermeira obstetra aposentada segue os passos da avó índia e da mãe – todas parteiras – há mais de 50 anos. “Ser parteira é um orgulho. E sempre tive o desejo de ter parteiras aprendizes. Minha única filha não quis dar continuidade a tradição, mas hoje tenho mais de dez pupilas, daqui de Jaboatão de outras cidades”, contou Dona Prazeres.
O projeto, desenvolvido entre 2008 e 2011, entrevistou 165 parteiras residentes em todo o estado. Entre elas, está Ester Luzia de Oliveira, 49 anos, que já é parteira há 18 anos, mas que, entre as integrantes da associação, é uma das mais jovens. “Sou da terceira geração de parteiras e foi com minha mãe e minha avó que aprendi o ofício”, relata Ester. “Ser parteira, para mim, é uma dádiva de Deus. É uma emoção ver aquele ser criado por Deus, ser conduzido ao mundo pelas minhas mãos”, sorri.
De acordo com a antropóloga e professora da UFPE, Maria Aparecida Lopes Nogueira, consultora do projeto, esse resgate contribui para uma reflexão sobre a importância das parteiras dotadas de dom e de técnica. “Ser parteira não é só tradição ou intuição, mas é necessário ter técnica. Essa pedagogia é diferente da institucionalizada, e isso precisa ser respeitada”, disse.
Para se chegar às parteiras, as autoras de Saberes e Práticas das Parteiras Tradicionais de Pernambuco contaram que se basearam em dados fornecidos pela Secretaria de Saúde de Pernambuco. Foram 131 municípios que declararam ter parteiras tradicionais. Entre eles está Jaboatão com 39.
Durante o processo de formatação do inventário, foi realizado um investimento na captação de imagens das parteiras entrevistadas, como forma de situar o contexto onde residem, resultando em um vasto banco de imagens. Deste material, foram selecionados 241 fotos que compõem o inventário das parteiras tradicionais e outras 130 que retratam o ambiente das parteiras indígenas.
Fonte:http://www.jaboatao.pe.gov.br/index.php?opcao=21&id=3797
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