segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Conheca Samuel Campelo



Nascido de uma família de agricultores, Samuel Carneiro Rodrigues Campelo, filho de Diogo Carneiro Rodrigues Campelo e Leopoldina Amélia Carneiro Campelo, veio ao mundo aos 12 dias do mês de outubro de 1890, no engenho Arimunã, município de Escada, Estado de Pernambuco.

Estabeleceu-se no município de Jaboatão, Pernambuco, onde sua formação intelectual foi construída. Desde jovem demonstrou ter aptidões literárias, em especial para o jornalismo e o teatro, este último sua grande paixão. Aos 13 anos, já escrevia os primeiros artigos. Aos dezesseis apareceu pela primeira vez em público, como amador, no palco do Clube Esportivo de Socorro, no município de Jaboatão (atual Vila Militar), onde representou a comédia Bicho e seu Rancho, de Ernesto Paula Santos. A sua dedicação ao teatro amador estendeu-se por quase seis anos, representando em vários espaços culturais e contracenando com artistas em evidência do seu tempo.

Sua primeira peça foi a farsa em um ato Peripécias de um defunto, que teve o seu nome mudado para Engano da peste. Foi escrita em 1909 e sua estréia aconteceu em 24 de setembro de 1910, no grêmio dramático Arraialense, de Casa Amarela, no Recife, representado pela Troupe Dramática Familiar Arraialense. Também em 1910, escreveu e apresentou no grêmio dramático Espinheirense, a farsa em um ato O amor faz coisas. No período de 1903-1911, Samuel Campelo criou e participou de grêmios literários e teatrais, a exemplo dos Grêmios Jaboatonense Seis de Março (do qual foi primeiro secretário) e Frei Caneca (fundador), grêmio dramático Arraialense e grêmio dramático Espinheirense. Encerrou sua fase amadora representando um galã cínico da peça, tipo de sua predileção, no drama em cinco atos A escrava Andréa, em 13 de maio de 1911, na Polinia Dramática Areiense.

Sua trajetória teatral é assim interrompida para fazer seus estudos para bacharel em ciências jurídicas e sociais pela Faculdade de Direito do Recife, concluídos em 1912. Neste mesmo ano, ingressou no Ministério Público, no interior do Estado de Pernambuco, como promotor público de Vitória, cargo que exerceu por quase cinco anos e do qual foi demitido unicamente por questões políticas. Em 1916, advogou, junto com Célio Meira, em Jaboatão, Gravatá, Bezerros, Limoeiro. Nas localidades por onde passou, mesmo seguindo a profissão que abraçara, sempre se fazia presente nos movimentos literários. Três anos depois, veio morar definitivamente no Recife (1919), onde seu interesse pelo teatro e sua produção de peças foi crescente.

No jornalismo, Samuel Campelo manteve a revista literária Fanal por três anos (1903-1906), foi colaborador n’A Faísca (1907), n’O Proscênio (1910-1911) e no Jornal do Recife (1922), redator d’O Frevo (1908), onde utilizava o pseudônimo de Leumas, e do Diario de Pernambuco (1922), e diretor d’O Jaboatonense (1911) e do Parnaso (1911). Fundou o periódico A República(1911) e A Coluna, semanário literário (1916), tendo sido redator-secretário deA Rua (1922) e crítico de arte d’A Província (1922).

Do Instituto Arqueológico e Geográfico Pernambucano, foi sócio efetivo (1916) e orador eleito sucessivamente de 1920-1927; membro efetivo daAcademia Pernambucana de Letras, na cadeira de Francino Cismontano [pseudônimo de Francisco do Brasil Pinto Bandeira e Acioly de Vasconcelos]; secretário da Defesa da Borracha; secretário da Faculdade de Medicina do Recife; da Assistência a Psicopatas; delegado de polícia, escriturário do Tesouro do Estado de Pernambuco.

Há de se destacar também sua atuação quando Pernambuco viveu um conflito político por causa da candidatura do general Dantas Barreto em oposição ao candidato conselheiro Rosa e Silva para as eleições governamentais. Samuel Campelo apoiara o general Dantas Barreto e encarregou-se da propaganda dantista em Jaboatão, onde realizou o primeiro comício pró Dantas Barreto e do qual foi um dos oradores. Inclusive, em 12 de outubro de 1911, quando da chegada do general ao Recife, Samuel Campelo esteve presente e para ele escreveu e dedicou um soneto.

Depois da Revolução de 30, Samuel Campelo foi nomeado administrador do Teatro Santa Isabel. A década de 30, no Recife, é tida como palco pioneiro do teatro e a cidade maurícia como escola. Em 2 de agosto de 1931, Samuel formou o Grupo Gente Nossa que reuniu talentos da arte cênica como Elpídio Câmara, Luiz Maranhão, Lourdes Monteiro, Luiz de França, Amália de Sousa, Lenita Lopes, Vicente Cunha e Luiza Teixeira. O Grupo estreou com a peça A honra da tia, de autoria de Samuel Campelo, no Teatro Santa Isabel, e tornou-se a primeira companhia do Nordeste. Quatro anos depois, num editorial doJornal do Commercio, o Grupo foi muito elogiado e se reconheceu os efeitos benéficos do trabalho desenvolvido por Samuel. Inclusive, afirma o editorial, foi o Grupo Gente Nossa “que tornou acessível o ingresso do povo ao teatro Santa Isabel, anteriormente freqüentado unicamente pela sociedade rica e portentosa”.

Valdemar de Oliveira, amigo, admirador e seguidor do “bom teatro, do teatro limpo, digno” que Samuel Campelo defendeu e divulgou, assistiu a todo o seu empenho, juntamente com o Grupo Gente Nossa, de construir um teatro que ele chamaria de “Nosso Teatro”, nome que Valdemar de Oliveira preservou quando “construiu o Teatro para o Teatro de Amadores de Pernambuco” (TAP). Assim, não se pode falar sobre o Teatro de Amadores sem falar em Samuel Campelo. O TAP é “filho” do Grupo Gente Nossa, é a continuidade dos seus ensinamentos..

A 10 de janeiro de 1939, faleceu Samuel Campelo, um marco da história do teatro de Pernambuco.

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